Perfil e motivações dos manifestantes Pró-Bolsonaro
Por Gabriela Vilela Palmeira Ferreira
A orla de Maceió, neste domingo (26), foi palco do ato a favor do presidente Jair Bolsonaro. Organizado por meio das redes sociais e pelo movimento Brasil, a manifestação teve, sendo se anunciava antes do ano, por objetivo apoiar o atual governo e reivindicar a reforma da previdência, o Coaf sob tutela do ministro da justiça Sérgio Moro, aprovação da MP-870 (diminuição do número de ministérios, de 29 para 22 ministérios; transferência da demarcação das terras indígenas para o Ministério da Agricultura, retirando a responsabilidade do Ministério da Justiça; extinção do Ministério do Trabalho e transferir suas atribuições para o ministério da economia) e o pacote anticrime.
Durante o ato, foi realizada uma pesquisa para caracterizar o perfil dos participantes. A investigação foi coordenada pelo professor Dr. Cristiano Bodart, professor do mestrado de Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Para Dr. Cristiano Bodart a pesquisa é importante para entender as tensões políticas e os atores envolvidos nos conflitos do jogo democrático.
A pesquisa foi realizada junto à 112 pessoas que estavam participando do ato, envolvendo uma equipe de 7 pesquisadores*. A pesquisa aponta que 40,2% dos respondentes foram às ruas com o objetivo prioritário de apoiar o governo frente a oposição do Congresso Nacional que estaria dificultando a gestão do presidente Jair Bolsonaro.
O perfil de manifestante mais presente é aquele que tem entre 30 a 60 anos (71,4%), casado (61,6%) e religioso (80,4%). A maioria não tem vinculo com outros grupos organizados, tais como partidos políticos, ONGs, sindicatos, associação de bairro ou similares. Dentre os participantes, predominam os que tem ensino superior completo (44,6%).
Foi observado na pesquisa uma grande desconfiança nas instituições brasileiras, sendo que 98,6% afirmaram não confiar no Senado, 98,5% na Câmara dos Deputados e 91,4% no Supremo Tribunal Federal (STF).
Quanto a posição dos manifestantes em relação a algumas ações do governo, a pesquisa indicou que 87,6% são favoráveis aos contingenciamentos de recursos destinados às universidades federais realizados nos últimos meses pelo governo; 72,4% são contrários às cotas nas universidades e 98,1% são favoráveis a redução da maioridade penal e 85,7% apoiam a facilitação ao porte de armas, o que evidencia um caráter conservador dos manifestantes que estiveram no ato desse domingo.
Maior parte dos manifestantes, 84,8%, afirmam que a democracia é a melhor forma de governo em qualquer situação, embora 48,6% apoiariam uma intervenção militar em caso de crise política. Foi observado que 76,8% dos entrevistados já haviam participados de outros atos como esse e 80% se julgam muito interessados na política. Dentre os manifestantes respondentes da pesquisa, 29,5% indicaram estar insatisfeito com a democracia brasileira e 49,5% afirmaram estar parcialmente satisfeitos, contra 18,1% que indicaram estar satisfeitos.
Dos manifestantes respondentes da pesquisa, 30,4% tomaram conhecimento inicial do ato por meio do Whatsapp, 25% por meio do Facebook e 25% pelo Instagram, o que evidencia a importância das redes sociais para as manifestações coletivas atuais. Evidenciou-se a importância das redes sociais também como meio de informação, uma vez que o Whatsapp, o Facebook e o Instagram e os portais de notícia da Web foram apontados como os meios de se obter informações sobre a política brasileira.
Nota:
Equipe realizadora da pesquisa
Coordenador: Cristiano Bodart, professor do Programa de Mestrado em Sociologia da UFAL
Pesquisadores: Edisangela Santos, Elizandra Cristina Rodrigues da Silva, Fabio das Santos, Gabriela Vilela Palmeira Ferreira, Grace Martins, Caio Santos Tavares e José Luciano Martins da Silva.