Estudo revela excesso de 40% em óbitos maternos em 2020

Publicado por: Editor Feed News
25/01/2023 09:08 AM
Exibições: 71
Agencia Brasilia
Agencia Brasilia

Gestantes e puérperas foram mais afetadas pela pandemia do que a população em geral, de acordo com estudo feito pelo Observatório Covid-19 Fiocruz

 

Estudo feito pelo Observatório Covid-19 Fiocruz revelou que, em 2020, houve um excesso de óbitos maternos de 40%, em relação a anos anteriores. Devido à pandemia, houve aumento da mortalidade entre a população em geral. Mas o excedente de mortes entre as gestantes e puérperas foi ainda maior: 14% acima do registrado nos demais grupos.  A pesquisa, que estimou o excesso de mortes maternas causadas direta e indiretamente pela Covid-19 no Brasil no ano de 2020, foi publicada em janeiro na revista científica BMC Pregnancy and Childbirth.

 

O pesquisador Raphael Guimarães considera que essa porcentagem de mortes maternas leva a crer que o subgrupo de mulheres gestantes e puérperas precisa de uma atenção prioritária na saúde. “O excesso de mortes maternas no Brasil em 2020, primeiro ano da pandemia por Covid-19, foi de 40%. Esse excesso de mortalidade para esse subgrupo é maior do que o excesso de mortalidade geral, que também já foi identificado no estudo anterior do nosso grupo. O excesso de mortalidade geral no Brasil, em 2020, foi de 19% e de mortalidade materna 40%. O que significa dizer que a Covid-19 penalizou mais as gestantes e puérperas do que a população em geral. E, por isso, é um grupo específico que requer atenção prioritária, de organização de intervenção e de prática assistencial diferenciadas para que a gente possa reverter essa situação de iniquidade que permeia grupos sociais distintos”, destaca.

 

Raphael diz que as mulheres que conseguiram atendimento tiveram maior chance de internação e CTI e também de uso de ventilação mecânica invasiva. Ou seja, a rede de saúde procurou atender de forma mais intervencionista essas mulheres para poupá-las logo no início da manifestação dos sintomas. O pesquisador também explica que a porcentagem de mortes maternas tem uma ligação com Covid-19, mas não necessariamente uma ligação direta.

 

“Nem todas essas mulheres que morreram em excesso, morreram por Covid, mas a Covid criou uma certa desorganização da rede assistencial que acabou prejudicando o acesso dessas mulheres, principalmente as gestantes, a um pré-natal e parto de qualidade. E é um acesso oportuno a esse tipo de assistência. Essa dificuldade de acesso penalizou mulheres mais vulneráveis, principalmente mulheres pretas e pardas, mulheres que vivem em comunidade rural e que tiveram seu atendimento fora de município, o que ratifica a ideia de que a rede essencial estava despreparada para atender esse fluxo em situação de pandemia”, expõe o pesquisador.

 

De acordo com os dados da pesquisa, entre as mulheres negras o excedente foi de 44%; de 61% entre as que residem na zona rural; e de 28% para as internadas fora do município de residência também afetaram as as chances de óbitos maternos. Nesses casos, as chances de hospitalização, internação em UTI e uso de suporte ventilatório invasivo entre as mortes maternas foram maiores do que no grupo de controle.


Por Sophia Stein
Com informações da Agência Brasil 61

Vídeos da notícia

Imagens da notícia

Tags:

Mais vídeos relacionados